Nos últimos 12 anos, a população de Brasiléia tem enfrentado um dos maiores desafios de sua história: as constantes alagações que varrem lares, destroem o comércio e levam consigo os sonhos e a dignidade de centenas de famílias. Em um ciclo implacável de devastação, as grandes enchentes de 2012, 2015, 2023 e 2024 trouxeram o sofrimento de volta, mostrando que, apesar dos milhões de reais investidos, ainda há pouco a ser comemorado e muito a ser questionado sobre a eficiência e responsabilidade da gestão pública.
A realidade é cruel. Mesmo com grandes investimentos, como os R$ 12 milhões gastos após a alagação de 2012 para a construção de uma contenção no trecho mais perigoso do rio — que não resistiu sequer à força da cheia de 2015 — e os atuais R$ 18 milhões destinados a uma nova obra em concreto, nada parece mudar de fato para as famílias que permanecem em áreas de risco. Enquanto as manchetes otimistas destacam “serviços avançados”, as imagens revelam uma obra inacabada, mal planejada e que parece não oferecer a segurança prometida. É desolador constatar que, enquanto o Portal da Transparência exibe empenhos milionários, a proteção e o bem-estar da população ainda parecem distantes.
A questão que fica é: por que, após quatro grandes alagações e milhões de reais investidos, ainda não há um programa habitacional que ofereça moradias seguras, distantes da força destrutiva do rio Acre? O que impede o poder público de destinar recursos para construir um futuro digno para essas famílias, garantindo um lar longe das águas que teimam em retornar e devastar tudo em seu caminho?
A verdade é que, para além dos rios, há uma correnteza de incompetência, descaso e falta de compromisso com a segurança da população. Em vez de aplicar os recursos em soluções definitivas, como moradias em áreas elevadas e fora de risco, opta-se por paliativos caros e ineficazes. As obras iniciam, os valores são empenhados, mas a segurança real nunca chega.
Para muitos, a sensação é de abandono, e as lembranças dolorosas de cada alagação reafirmam que o sofrimento parece ser apenas mais um capítulo ignorado na agenda dos gestores. Os moradores de Brasiléia merecem mais que obras de contenção falhas e discursos vazios; eles merecem a tranquilidade de saber que, em tempos de chuva, suas vidas e sonhos não serão arrastados pelas águas.
A população precisa exigir respostas e acompanhar de perto o uso do dinheiro público. Transparência e comprometimento são essenciais para que se rompa o ciclo de destruição e abandono. É hora de refletir e cobrar por moradias dignas e pela proteção que toda família merece. Afinal, os milhões que hoje são levados pelas águas poderiam ser a base para um futuro mais seguro e justo para todos.
Veja abaixo fotos da “contenção” de antes e de agora:
Fotos do Jornal oaltoacre.com e Site brasileia.ac.gov
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